terça-feira, 26 de agosto de 2008

Intimidades do mundo

Para apalpar as intimidades do mundo é preciso saber:
a) Que o esplendor da manhã não se abre com faca
b) 0 modo como as violetas preparam o dia para morrer
c) Por que é que as borboletas de tarjas vermelhas têm devoção por túmulos
d) Se o homem que toca de tarde sua existência num fagote, tem salvação
e) Que um rio que flui entre 2 jacintos carrega mais ternura que um rio que flui entre 2 lagartos
f) Como pegar na voz de um peixe
g) Qual o lado da noite que umedece primeiro.
Etc.etc.etc.
Desaprender 8 horas por dia ensina os princípios.

Manoel de Barros

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Os limites

"Estou penetrando no tempo e saindo do espaço. Descobrindo outra dimensão além dos dedos da mão. Algo mais denso se criou sob a couraça da minha casca. Algo mais tênue que uma membrana, mas como um centro de dor colorido. Já aprendi os limites da ilha, já sei onde sopram os tufões, e como o naufrago que se salva estou me autocartografando. Me sinto como uma pedra que não precisa exibir preciosidade, porque já não cabe em preços. E como uma ave que canta, não para se denunciar, mas para amanhecer. Estou passando da reta, à curva. Da quantidade, à qualidade. Cheguei ao primeiro grande patamar. Posso mais do que olhar pra trás, posso me abismar. Já criei minhas asas para voar sobre ele (o abismo)."

não sei de quem...

domingo, 17 de agosto de 2008

Silêncio

"A harmonia secreta da desarmonia: quero não o que está feito mas o que tortuosamente ainda se faz. Minhas desequilibradas palavras são o luxo de meu silêncio. Escrevo por acrobáticas aéreas piruetas - escrevo por profundamente querer falar. Embora escrever só esteja me dando a grande medida do silêncio." (Clarice - Água Viva)

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."

Clarice Lispector

domingo, 10 de agosto de 2008

Solidão

"...Quando a âncora do meu navio encosta no fundo, no chão.Imediatamente se acende o pavio e detona-se minha explosão.Que me ativa, me lança pra longe pra outros lugares, pra novos presentes.Ninguém me sente...Somente eu posso saber o que me faz feliz.Sou um móbile solto no furacão.Qualquer calmaria me dá... solidão..." (Paulinho Moska)

domingo, 3 de agosto de 2008

Quem?

Não! Nada de nada...Não! Eu não lamento nada... Nem o bem que me fizeramNem o mal - isso tudo me é igual! Não, nada de nada... Não! Eu não lamento nada... Está pago, varrido, esquecidoNão me importa o passado!Com minhas lembranças Acendi o fogo Minhas mágoas, meus prazeresNão preciso mais deles! Varridos os amores E todos os seus tremoresVarridos para sempre Recomeço do zero. Não! Nada de nada... Não! Não lamento nada...! Nem o bem que me fizeramNem o mal, isso tudo me é bem igual! Não! Nada de nada... Não! Não lamento nada... Pois, minha vida, pois, minhas alegrias Hoje, começam com você!


A resposta para a vida e para a morte é simples. Está na palma da minha mão. Observem.Jogou o pó para cima. Ele permaneceu suspenso como uma nuvem turva por um segundo antes que a brisa o levasse embora.- Pensem no que acabaram de ver. O pó retém sua forma por um breve momento quando o jogamos no ar, assim como o corpo retém sua forma durante sua breve vida. Quando o vento o faz desaparecer, para onde vai o pó? Ele volta para sua fonte, a terra. No futuro, esse mesmo pó permitirá o crescimento da grama e será engolido por uma gazela que irá comer a grama. O animal morre e volta ao pó. Agora imaginem que o pó venha até vocês e pergunta: "Quem sou eu?". O que vocês dirão a ele? O pó está vivo numa planta, mas está morto sobre os nossos pés, numa estrada. Move-se dentro de um animal, mas fica inerte quando está enterrado nas profundezas da terra. O pó contém a vida e a morte ao mesmo tempo. Então se vocês responderem a pergunta "Quem sou eu?" com uma meia resposta, estarão comentendo um erro.


Porque choras?
- Por que hoje vi várias pessoas mortas no rio Ganges, e ao lado de seus corpos as pessoas se banhavam. Pareciam celebrar a morte ao invés da vida...Porque nascemos nesse mundo cheio de dor e sofrimento? Não entendo porque estamos destinados a nascer sofrer a vida inteira e depois simplesmente morrermos. Por quê?
- Lucas, parece que você se esqueceu...
- Me esqueci de quê?
- Onde há dor, tristeza e sofrimento, há também alegria e felicidade. E o contrário também é verdade. Tudo na vida é transitório, inclusive a própria vida.Uma flor que nasce, e murcha, jamais torna a florescer. Assim como a estrela com maior brilho, um dia se apaga.Ao longo da vida, os homens aprendem a amar as pessoas, e também a odiar outras. Elas experimentam a felicidade, a tristeza, o amor, o ódio, elas riem e choram também. Tudo é transitório. A morte não é o fim de tudo e sim apenas mais uma transformação.

Forte. Sensato. Encontrei não me lembro onde e infelizmente não sei de quem é a autoria!