terça-feira, 28 de outubro de 2008

Mais do mesmo

"Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:- E daí? Eu adoro voar!Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre.Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração.Não me façam ser quem não sou.Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente.Não sei amar pela metade.Não sei viver de mentira.Não sei voar de pés no chão.Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre. "

Clarice

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Felicidade simples

A simplicidade de um encontro de fim de semana. Jaboticabas, amigos, amor, música e tempo. Como a cada dia a gente vai percebendo que a felicidade está nas coisas mais simples da vida!
Simples e deliciosamente já deixando saudade certamente porque foram aprovadas e nos deram alegria!


"As coisas que restam sobrevivem num lugar da alma que se chama saudade. A saudade é o bolso onde a alma guarda aquilo que ela provou e aprovou. Aprovadas foram as experiências que deram alegria. O que valeu a pena está destinado à eternidade. A saudade é o rosto da eternidade refletido no rio do tempo. É para isso que necessitamos dos deuses, para que o rio do tempo seja circular: “Lança o teu pão sobre as águas porque depois de muitos dias o encontrarás...“ Oramos para que aquilo que se perdeu no passado nos seja devolvido no futuro. Acho que Deus não se incomodaria se nós o chamássemos de Eterno Retorno: pois é só isso que pedimos dele, que as coisas da saudade retornem.

Ando pelas cavernas da minha memória. Há muitas coisas maravilhosas: cenários, lugares, alguns paradisíacos, outros estranhos e curiosos, viagens, eventos que marcaram o tempo da minha vida, encontros com pessoas notáveis. Mas essas memórias, a despeito do seu tamanho, não me fazem nada. Não sinto vontade de chorar. Não sinto vontade de voltar. Aí eu consulto o meu bolso da saudade. Lá se encontram pedaços do meu corpo, alegrias. Observo atentamente, e nada encontro que tenha brilho no mundo da multiplicidade. São coisas pequenas, que nem foram notadas por outras pessoas: cenas, quadros: um filho menino empinando uma pipa na praia; noite de insônia e medo num quarto escuro, e do meio da escuridão a voz de um filho que diz: “Papai, eu gosto muito de você!“; filha brincando com uma cachorrinha que já morreu (chorei muito por causa dela, a Flora); menino andando à cavalo, antes do nascer do sol, em meio ao campo perfumado de capim gordura; um velho, fumando cachimbo, contemplando a chuva que cai sobre as plantas e dizendo: “Veja como estão agradecidas!“

Amigos. Memórias de poemas, de estórias, de músicas. Diz Guimarães Rosa que “felicidade só em raros momentos de distração...“ Certo. Ela vem quando não se espera, em lugares que não se imagina. Dito por Jesus: “É como o vento: sopra onde quer, não sabes donde vem nem para onde vai...“

Sabedoria é a arte de provar e degustar a alegria, quando ela vem. Mas só dominam essa arte aqueles que têm a graça da simplicidade. Porque a alegria só mora nas coisas simples. "

Rubem Alves

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Presente passado futuro do pretérito

Viver do que passou. Apesar de ser difícil entender que passou. Passou. Viver o presente. Apesar de ser difícil. É presente. Difícil inclusive por mais feliz que o presente seja. A gente sempre pensa em ontem a noite ou na manhã de amanhã. Sempre pensa no futuro ou no passado. E o presente? Tá aqui, na nossa cara. Mas nem um banho a gente consegue tomar sem pensar naquilo que fez ou vai fazer depois...


" Se é verdade que a cada dia basta sua carga, por que então teimamos em carregar para o dia seguinte nossas mágoas e dores?Há ainda os que carregam para a semana seguinte, o mês seguinte e anos afora...Nos apegamos ao sofrimento, ao ressentimento, como nos apegamos a essas coisinhas que guardamos nas nossas gavetas! Sabendo inúteis, mas sem coragem para jogar fora. As marcas e cicatrizes ficam para nos lembrar da vida, do que fomos,do que fizemos e do que devemos evitar.Não inventaram ainda uma cirurgia plástica da alma, onde podem tirar todas as nossas vivências e nos deixar como novos. Ainda bem...Não devemos nos esquecer do nosso passado, de onde viemos,do que fizemos, dos caminhos que percorremos. Não podemos nos esquecer de nossas vitórias, nossas quedas e nossas lutas.Menos ainda das pessoas que encontramos, essas que direcionaram nossas vidas, muitas vezes sem saber. O que não podemos é carregar dia-a-dia, com teimosia, o ódio, o rancor, as mágoas, o sentimento de derrota e oressentimento. Acredite ou não, mas perdoar a quemnos feriu dói mais na pessoa do que o ódio que podemos sentir durante toda uma vida. As mágoas envelhecidas transparecem nonosso rosto e nos nossos atos e moldam nossa existência. Precisamos, com muita coragem e ousadia,abrir a gaveta do nosso coração e dizer:Eu não preciso mais disso,isso aqui não me traz nenhum benefício!!! E quando só ficarem a lembrança das alegrias,do bem que nos fizeram, das rosas secas, mas carregadas de amor, mais espaço haverá para novas experiências, novos encontros.Sua vida merece que, a cada dia,você dê uma chance para que ela seja plena e feliz."

(Leticia Thompson)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

O outro lado

Sempre achei - e ainda acho - que as coisas são EXATAMENTE do jeito que a gente pinta. Então, nem sempre as vemos do jeito que são. Às vezes basta a gente relaxar, se adequar ao 'batido da lata' e ver com a paciência que os anos - mesmo que não muitos - nos dão. Os anos, o tempo e a convivência. Hoje sou muito mais paciente com a situação do que ontem. E muito mais feliz também.

O outro lado

Como serão as coisas quando não estamos a olhar para elas? Esta pergunta, que cada dia me vem parecendo menos disparatada, fi-la eu muitas vezes em criança, mas só a fazia a mim próprio, não a pais nem professores porque adivinhava que eles sorririam da minha ingenuidade (ou da minha estupidez, segundo alguma opinião mais radical) e me dariam a única resposta que nunca me poderia convencer: “As coisas, quando não olhamos para elas, são iguais ao que parecem quando não estamos a olhar”. Sempre achei que as coisas, quando estavam sozinhas, eram outras coisas. Mais tarde, quando já havia entrado naquele período da adolescência que se caracteriza pela desdenhosa presunção com que julga a infância donde proveio, acreditei ter a resposta definitiva à inquietação metafísica que atormentara os meus tenros anos: pensei que se regulasse uma máquina fotográfica de modo a que ela disparasse automaticamente numa habitação em que não houvesse quaisquer presenças humanas, conseguiria apanhar as coisas desprevenidas, e desta maneira ficar a conhecer o aspecto real que têm. Esqueci-me de que as coisas são mais espertas do que parecem e não se deixam enganar com essa facilidade: elas sabem muito bem que no interior de cada máquina fotográfica há um olho humano escondido… Além disso, ainda que o aparelho, por astúcia, tivesse podido captar a imagem frontal de uma coisa, sempre o outro lado dela ficaria fora do alcance do sistema óptico, mecânico, químico ou digital do registo fotográfico. Aquele lado oculto para onde, no derradeiro instante, ironicamente, a coisa fotografada teria feito passar a sua face secreta, essa irmã gémea da escuridão. Quando numa habitação imersa em total obscuridade acendemos uma luz, a escuridão desaparece. Então não é raro perguntar-nos: “Para onde foi ela?” E a resposta só pode ser uma: “Não foi para nenhum lugar, a escuridão é simplesmente o outro lado da luz, a sua face secreta”. Foi pena que não mo tivessem dito antes, quando eu era criança. Hoje saberia tudo sobre a escuridão e a luz, sobre a luz e a escuridão.

José Saramago

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Passado, presente, futuro, passado...

As novidades geralmente não passam de reciclagens de sentimentos, posturas e palavras. Assim são estes dias...


"Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades. O tempo não para!!!"